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O prefeito Paulo Piau encaminhou nesta segunda-feira (30) dois decretos para tornarem bens imateriais de Uberaba a Festa de Nossa Senhora do Rosário e a Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ambos deverão ser publicados no Porta-Voz da próxima quarta-feira (2).
Os documentos foram entregues pela chefe de Seção de Patrimônio Histórico e Cultural, da Fundação Cultural de Uberaba, Daniela Velludo e pelo chefe do Departamento de Recursos Humanos da FCU, Murilo César Tomaim. As solicitações de patrimônio imateriais já foram aprovadas pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau).
Segundo Piau é bastante justa essas decretações tanto da Festa de Nossa Senhora do Rosário, “que é uma tradição de Uberaba, incorporada à vida cultural da cidade”, disse. Por outro lado, a ALTM, da mesma forma, “muito bem conduzida” pelo presidente João Eurípedes Sabino. “Entidade que atua de forma ativa, especialmente em relação à Literatura. Então merece também esse reconhecimento, em razão da sua história”, salientou.
A celebração da Festa da Nossa Senhora do Rosário acontece no mês de Outubro e, antes da pandemia, tinha apresentação de Ternos de Congado, Moçambique e Afoxés, em vestimentas e cânticos característicos dessa cultura popular. O tradicional evento é realizado pela família Mapuaba e recebe o apoio da Fundação Cultural.
A devoção em Nossa Senhora do Rosário chegou ao Brasil junto com os escravos aprisionados para trabalhar no país. A historiadora Maria Aparecida ‘Cida’ Manzan, relata que a Santa acabou se tornou a padroeira dos negros, porque aquela população negra acreditava que Ela os tirava do sofrimento. “Era comum os escravos andavam na rua com o rosário no pescoço e o facão na cintura”, explica.
Em Uberaba, de acordo com Cida Manzan a celebração teve origem em uma irmandade homônima, no período em que existia a Igrejinha do Rosário, acabando quando o santuário foi demolido em 1924. Isso porque não havia nenhum apoio, nem a Igreja, para fazer esse tipo de atividade na região do Triângulo Mineiro. “Foi apenas em 1988 que a ‘Tia Luzia’ Mapuaba e o professor Antônio Carlos Marques, em parceria com outros membros mais antigos da família, resolveram se devotar à festa novamente. Desde então, a festividade nunca mais parou.
De acordo com a “Tia” Luzia Mapuaba, matriarca da festa, conversando na porta da Igreja São Domingos, o grupo questionou “por que não levantar a Nossa Senhora do Rosário?”. Isso por ser uma santa muito milagrosa, da raça negra, do tempo do cativeiro. “Aquela que os negros escravos chamavam na senzala quando estavam apanhando e presos. Eles clamavam e ela atendia”, relembrou a matriarca em depoimento durante a última festa que aconteceu em 2019.
ALTM – De acordo com o site da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, foi idealizada pelos intelectuais José Mendonça (o primeiro presidente), Monsenhor Juvenal Arduini e Edson Prata e fundada em 15 de Novembro de 1962. Atualmente é presidida pelo engenheiro João Eurípedes Sabino.
“(...) Tem por finalidade a cultura da língua, da literatura, especialmente do Triângulo Mineiro, e o estudo dos problemas sociais e científicos, a união dos intelectuais do Brasil Central, a difusão de suas obras e conhecimentos gerais (...)”
Reconhecida a Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM constitui-se de 40 membros efetivos, além dos sócios correspondentes até o máximo de 40.
Jorn. Maria Cândida Sampaio
Estagiária de Jorn. Diandra Tomaz – FCU
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