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Fundação Cultural

08/02/2012 - 60 companhias vão ao 53º Encontro de Folias de Reis no domingo, no Circo do Povo

Cerca de 60 companhias participarão do 53º Encontro de Folias de Reis de Uberaba, no próximo domingo, a partir das 8h30, no Circo do Povo, instalado entre o bairro Boa Vista e o conjunto Morada do Sol, na esquina da r. João Pinheiro com av. Maria Machado dos Santos. Estão inscritos seis grupos de Uberlândia, cinco de Sacramento, dois de Nova Ponte e os demais de Uberaba, onde existem mais de 200 conjuntos de foliões, de acordo com a Federação das Companhias de Folias de Reis do Estado de Minas Gerais, sediada no município.

Durante o encontro, que se realizará durante todo o dia, serão gravados um documentário em DVD e um CD a ser distribuídos a bibliotecas, escolas e admiradores de folias. A promotora do evento, a Fundação Cultural, segundo o diretor de Departamento, Antonio Carlos Marques, fornecerá almoço típico da cozinha mineira e distribuirá aos participantes 20 instrumentos musicais: cavaquinhos, violas, bandolins, surdos completos e pandeiros, sendo quatro de cada modelo.

Segundo o presidente da Federação de Folias, Raimundo Antônio Vieira, em Minas são cerca de cinco mil companhias em atividade, das quais mil são associadas à entidade, existente há 12 anos. O principal município é Uberaba, seguido de Patos de Minas, com 100 conjuntos. Integram, também, a federação 100 folias do norte e do nordeste de São Paulo, além de 18 grupos da capital paulista.

História da folia em Uberaba

Desde 31 de dezembro de 1952, ao ser inaugurado o programa da Rádio Sociedade do Triângulo, “A Hora do Fazendeiro”, a PRE-5, comandado pela famosa dupla de música sertaneja Toninho e Marieta, essa tradicional manifestação deixou de ser aprendizado familiar e religioso, ampliando sua propagação por intermédio dos meios de comunicação de massa. Em 1958, ainda por iniciativa dessa dupla, foi criado o troféu “Rei Mago”, para premiar a melhor companhia de folia, eleita por seu desempenho na avaliação de um corpo de jurados distribuído por bairros da cidade.

Assim, o encontro de folias passou a se realizar desde 1962, na pç. da igreja Santa Rita, durante o período de Natal, quando os grupos se apresentavam para um público estimado em 25 mil pessoas. O número de companhias ampliou, e nos anos de 1980 programas de TV sobre o tema foram criados, popularizando ainda mais essa manifestação cultural-religosa.

A origem da Folia de Reis

A Folia de Reis é uma festa de origem portuguesa que chegou ao Brasil como uma dança com características de ritual religioso. Misturando-se entre habitantes brancos, mulatos e negros, esses ritmos e ritos se incorporam às dramatizações litúrgicas de igrejas católicas, e dessa forma foram disseminados pelo país. Essas cerimônias litúrgicas, as danças, cantos e procissões deram origem, mais tarde, a alguns rituais da cultura popular existentes, atualmente, no Brasil. 

Simbolizando os três reis magos: Gaspar, Baltazar e Belchior, indo à procura de Jesus, as companhias de reis, no período compreendido entre 24 de dezembro a 6 de janeiro, percorrem a cidade e a zona rural, cantando de casa em casa em busca de oferendas. O que é arrecadado é utilizado no Dia de Reis, considerado o “dia da gratidão”. Essa peregrinação representa a distância percorrida pelos reis magos de seus países até o local do nascimento de Jesus.

Na formação de uma companhia de reis não existe uma regra definitiva para a quantidade de membros, mas costumam ser composta por grupos de 8 a 12 pessoas. Cada folião tem seu lugar e ocupa uma hierarquia na qual o capitão é o principal, que organiza e se responsabiliza pelo conjunto. O alferes tem como função carregar a bandeira e receber contribuições durante as jornadas, e os foliões, com seus instrumentos: sanfona, reco-reco, caixa, pandeiro, chocalho, viola, violão, entre outros, compõem a orquestra das folias. Em algumas companhias existe palhaço que, segundo a lenda, tem como função proteger o Menino Jesus, confundindo os soldados do rei da Galiléia, Herodes, o Grande, que pretendiam matá-lo.

Os foliões efetuam longas caminhadas, levando a bandeira em um estandarte de madeira ornado com motivos religiosos ao qual tributam especial respeito. Conta a mitologia que após a adoração ao Menino Jesus, os magos receberam um manto azul de presente da Virgem Maria. Ao abrirem o manto se depararam com uma linda imagem deles próprios: os três reis ajoelhados aos pés de Jesus, adorando-o, ofertando seus presentes. Para a companhia, a bandeira representa a estrela guia. Sob a liderança do capitão, a folia segue com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.

A cantoria é a oração da folia e seus versos religiosos narram a viagem dos magos, a chegada da bandeira e a história de Cristo. Inicialmente, o capitão tira os versos que são repetidos pelo coro. A segunda e a terceira vozes realizam a primeira resposta integral da cantoria, também conhecida como contrato, a quarta e quinta vozes entram na metade dos versos cantando uma oitava acima, e no final, entra a sexta ou requinta voz, num grito agudo também chamado tala.

As fitas não são economizadas na hora de enfeitar os instrumentos, as flores no violão e as rosas representam a bênção de Deus. Os foliões levam sobre os ombros uma toalha branca. Essa peça tradicional de seus vestuários é como uma farda para ser reconhecida durante as andanças e revela a missão que eles têm a cumprir.

A alvorada é o cortejo final da jornada da Folia de Reis, é o dia da festa e encerramento das funções. Uma ala de pastorinhas vai buscando os festeiros em suas casas, enquanto a procissão segue com seus andores, um para cada rei mago enfeitado nas cores verde, amarela e vermelha. É comum os participantes levarem outros andores como os de São Sebastião, São Benedito, Nossa Senhora Aparecida, entre outros, conforme a devoção.

Ao chegar ao local onde vai se realizar a festa, a cantoria é encerrada, anunciando a reza do terço, que é todo cantado. A seguir inicia-se a coroação dos festeiros do próximo ano. Ao comando do canto pelo capitão e foliões, a madrinha promove a retirada da capa e da coroa da cabeça dos atuais festeiros e passa para os do ano seguinte. Após o término da cerimônia, é servido o jantar com doces tradicionais. Finalmente, realiza-se o baile de Santos Reis, que vai até a madrugada.

 
 
 

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