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Cerca de 60 companhias participarão do 53º Encontro de Folias de Reis de Uberaba, no próximo domingo, a partir das 8h30, no Circo do Povo, instalado entre o bairro Boa Vista e o conjunto Morada do Sol, na esquina da r. João Pinheiro com av. Maria Machado dos Santos. Estão inscritos seis grupos de Uberlândia, cinco de Sacramento, dois de Nova Ponte e os demais de Uberaba, onde existem mais de 200 conjuntos de foliões, de acordo com a Federação das Companhias de Folias de Reis do Estado de Minas Gerais, sediada no município.
Durante o encontro, que se realizará durante todo o dia, serão gravados um documentário em DVD e um CD a ser distribuídos a bibliotecas, escolas e admiradores de folias. A promotora do evento, a Fundação Cultural, segundo o diretor de Departamento, Antonio Carlos Marques, fornecerá almoço típico da cozinha mineira e distribuirá aos participantes 20 instrumentos musicais: cavaquinhos, violas, bandolins, surdos completos e pandeiros, sendo quatro de cada modelo.
Segundo o presidente da Federação de Folias, Raimundo Antônio Vieira, em Minas são cerca de cinco mil companhias em atividade, das quais mil são associadas à entidade, existente há 12 anos. O principal município é Uberaba, seguido de Patos de Minas, com 100 conjuntos. Integram, também, a federação 100 folias do norte e do nordeste de São Paulo, além de 18 grupos da capital paulista.
História da folia em Uberaba
Desde 31 de dezembro de 1952, ao ser inaugurado o programa da Rádio Sociedade do Triângulo, “A Hora do Fazendeiro”, a PRE-5, comandado pela famosa dupla de música sertaneja Toninho e Marieta, essa tradicional manifestação deixou de ser aprendizado familiar e religioso, ampliando sua propagação por intermédio dos meios de comunicação de massa. Em 1958, ainda por iniciativa dessa dupla, foi criado o troféu “Rei Mago”, para premiar a melhor companhia de folia, eleita por seu desempenho na avaliação de um corpo de jurados distribuído por bairros da cidade.
Assim, o encontro de folias passou a se realizar desde 1962, na pç. da igreja Santa Rita, durante o período de Natal, quando os grupos se apresentavam para um público estimado em 25 mil pessoas. O número de companhias ampliou, e nos anos de 1980 programas de TV sobre o tema foram criados, popularizando ainda mais essa manifestação cultural-religosa.
A origem da Folia de Reis
A Folia de Reis é uma festa de origem portuguesa que chegou ao Brasil como uma dança com características de ritual religioso. Misturando-se entre habitantes brancos, mulatos e negros, esses ritmos e ritos se incorporam às dramatizações litúrgicas de igrejas católicas, e dessa forma foram disseminados pelo país. Essas cerimônias litúrgicas, as danças, cantos e procissões deram origem, mais tarde, a alguns rituais da cultura popular existentes, atualmente, no Brasil.
Simbolizando os três reis magos: Gaspar, Baltazar e Belchior, indo à procura de Jesus, as companhias de reis, no período compreendido entre 24 de dezembro a 6 de janeiro, percorrem a cidade e a zona rural, cantando de casa em casa em busca de oferendas. O que é arrecadado é utilizado no Dia de Reis, considerado o “dia da gratidão”. Essa peregrinação representa a distância percorrida pelos reis magos de seus países até o local do nascimento de Jesus.
Na formação de uma companhia de reis não existe uma regra definitiva para a quantidade de membros, mas costumam ser composta por grupos de 8 a 12 pessoas. Cada folião tem seu lugar e ocupa uma hierarquia na qual o capitão é o principal, que organiza e se responsabiliza pelo conjunto. O alferes tem como função carregar a bandeira e receber contribuições durante as jornadas, e os foliões, com seus instrumentos: sanfona, reco-reco, caixa, pandeiro, chocalho, viola, violão, entre outros, compõem a orquestra das folias. Em algumas companhias existe palhaço que, segundo a lenda, tem como função proteger o Menino Jesus, confundindo os soldados do rei da Galiléia, Herodes, o Grande, que pretendiam matá-lo.
Os foliões efetuam longas caminhadas, levando a bandeira em um estandarte de madeira ornado com motivos religiosos ao qual tributam especial respeito. Conta a mitologia que após a adoração ao Menino Jesus, os magos receberam um manto azul de presente da Virgem Maria. Ao abrirem o manto se depararam com uma linda imagem deles próprios: os três reis ajoelhados aos pés de Jesus, adorando-o, ofertando seus presentes. Para a companhia, a bandeira representa a estrela guia. Sob a liderança do capitão, a folia segue com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.
A cantoria é a oração da folia e seus versos religiosos narram a viagem dos magos, a chegada da bandeira e a história de Cristo. Inicialmente, o capitão tira os versos que são repetidos pelo coro. A segunda e a terceira vozes realizam a primeira resposta integral da cantoria, também conhecida como contrato, a quarta e quinta vozes entram na metade dos versos cantando uma oitava acima, e no final, entra a sexta ou requinta voz, num grito agudo também chamado tala.
As fitas não são economizadas na hora de enfeitar os instrumentos, as flores no violão e as rosas representam a bênção de Deus. Os foliões levam sobre os ombros uma toalha branca. Essa peça tradicional de seus vestuários é como uma farda para ser reconhecida durante as andanças e revela a missão que eles têm a cumprir.
A alvorada é o cortejo final da jornada da Folia de Reis, é o dia da festa e encerramento das funções. Uma ala de pastorinhas vai buscando os festeiros em suas casas, enquanto a procissão segue com seus andores, um para cada rei mago enfeitado nas cores verde, amarela e vermelha. É comum os participantes levarem outros andores como os de São Sebastião, São Benedito, Nossa Senhora Aparecida, entre outros, conforme a devoção.
Ao chegar ao local onde vai se realizar a festa, a cantoria é encerrada, anunciando a reza do terço, que é todo cantado. A seguir inicia-se a coroação dos festeiros do próximo ano. Ao comando do canto pelo capitão e foliões, a madrinha promove a retirada da capa e da coroa da cabeça dos atuais festeiros e passa para os do ano seguinte. Após o término da cerimônia, é servido o jantar com doces tradicionais. Finalmente, realiza-se o baile de Santos Reis, que vai até a madrugada.
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