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Foto: Divulgação FCU
Trabalho é resultado de ações reivindicadas pela Fundação Cultural, que irá estabelecer parceria com a Fundação de Arte de Ouro Preto para a restauração da atua sede da FCU. Técnicos ficaram impressionados com o imóvel e descobriram pinturas artísticas “enterradas” atrás de tinta
Técnicos da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) estiveram em Uberaba nesta semana para fazer uma vistoria no avaliar o Palacete José Caetano Borges, onde atualmente funciona a sede da Fundação Cultural. O objetivo é restaurar o casarão, após os técnicos entregarem os estudos técnicos.
“Viemos fazer vistoria para apresentar para a Fundação Cultural de Uberaba um projeto de intervenção do bem. Se for aprovado vamos dar prosseguimento de outras etapas. A primeira etapa é esta, até para a captação de recursos e para as intervenções de restauração. Na próxima semana vamos enviar orçamento deste serviço. A Faop não é construtora e não tem fins lucrativos, por isso o custo das intervenções será menor. Vamos apresentar a proposta de projeto de intervenção”, explicam o assessor Operacional da Faop, Ronaldo Lau, e o engenheiro de Projetos e Obras da Faop, Ney Ribeiro Nolasco.
Segundo eles, são vários projetos, como de PDI, elétrico, hidráulico, combate a incêndio, paisagístico, estrutural, além do projeto de restauração, e da própria questão histórica. “Vamos apresentar o projeto para a Fundação Cultural e a Prefeitura de Uberaba para poderem fazer captação de recursos e ir realizando os projetos separadamente, à medida que consegue recursos. É verdade que existem serviços que são mais urgentes, como o combate a umidade, estrutura do prédio para estagnar a degradação e da rede elétrica, para preservar os bens”, observam.
Fizeram parte da equipe, a coordenadora do Núcleo de Conservação e Restauração da Faop, Carla Santana do Nascimento, e o gestor de Cultura, Sergio Norberto Costa Gonçalves.
“Ficamos impressionados pelo potencial que este imóvel [Casarão dos Borges] tem. Ele faz parte da história da cidade e o que a cidade tem e vive hoje com certeza, nos primórdios da construção da casa, passou por aqui. Com certeza este imóvel tem valor histórico para o município e este elemento é importante que a cidade conheça, porque a memória faz parte do desenvolvimento humano e sem a memória não tem desenvolvimento. Este imóvel faz parte da historia da cidade e tem grande relevância no desenvolvimento da cidade. Esta é a primeira observação. Com relação à questão arquitetônica, o imóvel está bastante degradado com relação às ações de umidade e isto degrada muito rapidamente o imóvel, principalmente porque tem uns elementos artísticos muito significativos”, afirma Ronaldo Lau.
Eles lembrar que não chega a ser exemplar único, mas destaca que o imóvel tem grande importância para o patrimônio histórico, com as pinturas parentais. “Precisa ser pesquisada esta pintura artística porque tem grande valor e será um grande trabalho que vai dar publicação e irá render vários livros”, dizem, lembrando que não necessariamente precisa chegar ao original do imóvel, mas sim até um fato histórico importante, como uma intervenção realizada, por exemplo, há 50 anos.
Durante a vistoria, os técnicos encontraram várias pinturas que estavam encobertas por tinta, em ações feitas anteriormente que “enterrou” os afrescos. Com a restauração, toda esta beleza será mostrada. Para realizar a restauração, os técnicos da Faop afirmam que deverão realizar curso técnico em conservação e restauro para a comunidade local, formando mão-de-obra técnica. Lembram que isso é importante porque faz com que a própria comunidade cuide dos bens. “O imóvel tem um espaço significativo e pode ser transformada alguma parte em ateliê de papel aqui”.
Lau e Ribeiro destacam que infelizmente o conceito de restauração é errado, já que as pessoas fazem reforma confundindo com restauro e que acreditam que ficar limpo e bonito é restauração. “O restauro é atingir um estágio anterior de significância, as fases da história que teve significado, que precisa ser registrado e que tem significado para a comunidade. Se pintar [como foi feito no prédio sede da Fundação] se está encobrindo a história. A restauração é fazer introspecção e atingir a história, através de textos, imagens e do próprio objeto, testemunha e do entorno”, diz, afirmando que em Uberaba tem uma coisa rara, que são imóveis no estilo eclético e colonial. Acrescentam que muitas pessoas passam em frente a estes prédios e não detectam a beleza e a importância destes imóveis para a própria comunidade. “A memória tem importância para a liberdade e vai mostrar como a vida é e como seguir em frente. E importante a comunidade ter memória e as pessoas reconhecerem este valor, e o poder público mostra a importância disso, para as pessoas se apropriar dos bens, conhecendo, defendendo e colaborando para a conservação dele”, afirma, neste sentido lembrando quer empresários devem ser parceiros para a manutenção e restauração destes bens e que todas as secretarias municipais devem realizar ações sincronizadas para a preservação do patrimônio da cidade.
A restauração é um trabalho lento, ressaltam, mas necessário para revelar a grandiosidade que o prédio tem. Também afirmam que o ideal é que a iniciativa se multiplique pelo município, estimulando as pessoas a ampliar o restauro e a formar parceria para que isso seja feito. “O ideal é que este seja o primeiro trabalho e que seja feito continuamente. A comunidade vai ver o quanto é bonito. Isso irá refletir na cidade.”
Fundação – A presidente da Fundação Cultural, Sumayra Oliveira, lembra que a vinda da equipe da Faop é resultado da visita da secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, a Uberaba no ano passado, quando a autarquia apresentou várias demandas. “A secretária pediu que a Faop fizesse a visita técnica e a Fundação bancou a hospedagem e as passagens. Será um trabalho feito em conjunto entre a Fundação Cultural, a Faop e o Estado e temos esperança que esta parceria dê resultados positivos não só para o restauro desta casa, mas de outros imóveis. É importante estabelecer vínculos e referência positivas na preservação do patrimônio. É importante preservar a memória e com certeza esta parceria será exitosa”, afirma Sumayra.
Jornalista Maria das Graças Salvador
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