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O projeto “Aos Mestres com Carinho” deste mês homenageia o mestre Candeia, nesta quarta-feira (21), no Teatro Experimental de Uberaba, às 20h30. Com entrada franca, Fausto Reis e convidados mostram as melhores músicas do Mestre Candeia. Antônio Candeia Filho, que nasceu, viveu e morreu no Rio de Janeiro (1935-1978).
Com o eu primeiro samba-enredo Seis datas magnas recebeu nota máxima em todos os quesitos e tornou sua escola, a Portela, campeã em 1953. Candeia fundou a ala da mocidade da Portela e depois fez parte da ala dos impossíveis. No ano de 57, entrou para a Polícia Civil, trabalhando como investigador, mas levou um tiro na coluna ficando paralitico. Abandonou a carreira na polícia e passou a se dedicar exclusivamente à vida artística. Com seu samba enredo Legados de D. João VI, a Portela foi campeã em 1955, e com Brasil, panteão de glórias, em parceria com Bubu, Casquinha, Waldir 59 e Picolino, a Portela foi campeã em 59.
No início dos anos 60, participou ativamente do movimento de revitalização do samba, promovido pelo Centro Popular de Cultura (CPC) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi nessa época que organizou o conjunto Mensageiros do Samba, que se apresentava no Zicartola – espaço comandado por Cartola e Dona Zica. Em 1965, Elizete Cardoso gravou minhas madrugadas (Candeia e Paulinho da Viola) no LP Elizete sobe o morro.
Sua vida e sua obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos. Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazê-lo de volta. De qualquer maneira, meu amor, eu canto, diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.
O couro voltou a comer nos pagodes do fundo de quintal de Candeia que comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.
No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 75 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo.
No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu impressionante Testamento de Partideiro, onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.
Em 78, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Perdeu a Raiz.
Candeia compôs: “Deixe-me ir, preciso andar/ Vou por aí a procurar/ Sorrir pra não chorar/Quero assistir ao sol nascer/ ver as águas dos rios correr/ Ouvir os pássaros cantar/ Eu quero nascer, quero viver/ Deixe-me ir, preciso andar/ Vou por aí a procurar/ Sorrir pra não chorar”. (Preciso me encontrar)Aos Mestres com Carinho especial Candeia, nesta quarta-feira (21), no Teatro Experimental de Uberaba, às 20h30.
Jornalista Maria das Graças Salvador
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