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A peça será apresentada pelos alunos da Oficina de Interpretação Teatral da Fundação Cultural, e produção do Grupo Todo-Um De Teatro
A Fundação Cultural apresenta neste sábado (20) a peça teatral “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, sob a direção de Cassia Magaly e apresentação dos alunos da Oficina de Interpretação Teatral da Fundação e produção do Grupo Todo-Um De Teatro.
O Santo Inquérito focaliza, fundamentalmente, o direito que o ser humano tem as suas ideias e à liberdade de expressá-las e vivê-las. Dias Gomes utiliza uma linguagem metafórica para comunicar o estado de coisas – reprimidas e recalcadas –, que pode situar-se em qualquer tempo e lugar.
O drama é a representação da trágica história de Branca Dias, uma jovem paraibana que teria vivido no século XVI, época em que a Igreja Católica exercia o seu poder, entre outras práticas, por meio da violência, pelo Tribunal da Inquisição. Branca Dias, uma moça ingênua e livre, gosta de nadar e, um dia se diante da necessidade de salvar a vida de alguém que estava se afogando. Este alguém é o padre Bernardo, que recebeu a respiração boca-a-boca, de Branca Dias, para sobreviver. O contato com uma boca feminina traz terríveis conflitos ao religioso.
Ocorre que todos os conflitos vividos pelo padre não apenas o atormentam individualmente, mas o levam a condenar a jovem Branca Dias. É a tragicidade da personagem. Desde que salva o padre e lhe faz respiração boca-a-boca, a trajetória de Branca é de desventura, chegando a sua morte, na última cena do drama.
Branca personifica em si a ingenuidade de todos aqueles que pelas esquinas da vida são subjugados sem saber o porquê, mas mesmo assim não abrem mão dos princípios nos quais acredita. Sua fala ao escolher a morte a ter que renegar a si mesma, retrata sua posição perante a vida: “Há um mínimo de dignidade que o homem não pode negociar, nem mesmo em troca da liberdade. Nem mesmo em troca do sol”.
A encenação busca, mesmo respeitando o texto original, na maior parte do espetáculo, refletir sobre essa histórica e violenta falta de respeito pelas diferenças em outros contextos e instituições atuais. A peça será encenada no Teatro Experimental de Uberaba (TEU), às 20h, do dia 20.
Maria das Graças Salvador (Comunicação PMU/FCU)
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