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Fundação Cultural

10/11/2015 - Abertura de exposições marca início das comemorações do Dia da Consciência Negra

A Galeria de Artes Rachel Machado – Casa da Cultura – sede da Fundação Cultural recebe nesta terça-feira (10) duas exposições simultâneas, dentro das comemorações culturais do Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. Uma é “Mulher, coragem e força: Carolina Maria de Jesus”, que retrata a vida da escritora, lavradora, catadora de papel, compositora, sambista, poetisa, dramaturga, cantora, atriz circense e raizeira. A outra é “Varal de Corpos - Inclusão” da fotografa Ruth Gobbo, celebrando abolição capturados em balé afro nos palcos do Festival de Inverno de Ouro Preto.

As mostras serão abertas nesta terça às 19h30 e a visitação acontece de 11 a 27 de novembro, das 8h às 18h.

A exposição é “Mulher, coragem e força: Carolina Maria de Jesus” retrata a vida da mulher, negra, migrante, catadora de lixo e escritora, a mineira de Sacramento, que mudou para São Paulo em 1947. A exposição acontece em parceria com a Prefeitura de Sacramento, que cedeu parte do acervo.

De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924.

 Entre suas inúmeras mudanças, passou a morar na favela do Canindé, próximo ao estádio da Portuguesa. Foi lá que virou personagem de uma reportagem da extinta Folha da Noite, assinada pelo jornalista Audálio Dantas.

Carolina lhe falou do livro que estava escrevendo e levou Audálio até seu barraco onde mostrou os 35 cadernos de anotações em forma de diário. Um deles registrava, na forma de diário, os acontecimentos na favela a partir de 15/7/1955. O repórter gostou do que leu e publicou alguns trechos no jornal. Com a grande repercussão, o diário foi publicado como o livro "Quarto de Despejo", que foi traduzido para 14 línguas e chegou a vender cerca de 1 milhão de exemplares fora do Brasil e aqui chegou a superar Jorge Amado em venda de livros.

A escritora publicou mais três livros: "Casa de Alvenaria", "Pedaços de Fome" e "Provérbios". Carolina morreu em 1977 em decorrência de uma crise de asma. Seu último livro "Diário de Bitita", com suas memórias de infância e juventude, foi publicado postumamente na França em 1982, e chegou ao Brasil quatro anos depois.

Carolina Maria de Jesus é o exemplo de uma mulher negra que não se deixou abalar pelo sistema e conquistou seu maior desejo: publicar seu diário. Para uma escritora que viveu rotulada como “mulher, negra e favelada”, mãe solteira sem muita escolaridade, que tinha nos lixões do entorno da favela do Canindé os meios de sustentar a família e a base de sua produção literária, Carolina teve uma trajetória excepcional. 

Varal de Corpos – Inclusão

A outra mostra “Varal de Corpos - Inclusão”. A música toca o ritmo para a dança afro que é a cena perfeita para captura impecável da fotografa Ruth Gobbo que estende seu “Varal de Corpos - Inclusão” celebrando abolição capturados em balé afro nos palcos do Festival de Inverno de Ouro Preto. A fotografa registrou os movimentos e neste ano expôs o material em Ouro Preto, durante a realização do Festival de Inverno.

Agora Uberaba recebe o varal em sua segunda apresentação, na Casa da Cultura, também às 19h30.

Ruth Gobbo, a exemplo de Carolina, nasceu em Sacramento, é jornalista e fotografa pós graduada  (Uniube/ Unifran/ Casper Libero). Iniciou-se na fotografia no Jornal de Uberaba no final dos anos 90. Ficou fora de Uberaba por 12 anos, trabalhando exclusivamente com assessoria política, em cidades de Minas Gerais, São Paulo e Goiás. 

Há três anos regressou a  Uberaba desenvolvendo trabalho em seu studio photo para Uberaba e região. Em seu acerto fotográfico traz ícones como o líder Nelson Mandela, uma foto histórica, que integrou o projeto Brazilan EYES 2015, com exposição e livro divulgado em maio deste ano em Miami, FL, EUA. 

Filha de artista, pratica a fotografa e vê o palco uma tela em branco para criar suas imagens. Suas obras favoritas são Grupo Galpão, recentemente em mostra na Fundação Cultural; Grupo Ponto de Partida; Companhia de rua Francesa; Chico Buarque de Hollanda; O Teatro Mágico; Cordel do fogo Encantado. 

“Sou cria de um carro de redação, reporte diário, acho que por isso que gosto da fotografia factual, gosto de gente. Para me definir gosto de usar a frase do mestre Ansel Adams:  "Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos", que espera que a exposição seja democratizado nas cidades mineiras.  

Consciência Negra

As exposições fazem parte das comemorações culturais do Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. Várias atividades estão sendo programadas em comemoração ao Dia da Consciência Negra, pela Prefeitura de Uberaba, Fundação Cultural e diversos coletivos negros.

Na quinta (19), a Biblioteca Municipal Bernardo Guimarães exibe documentários temáticos com entrada gratuita.

Na sexta (20), Dia da Consciência Negra, haverá o lançamento do livro “Vida por Escrito”, de Sérgio Barcellos. O livro, que traz um guia do acervo da escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, será lançado no Salão Paroquial Nossa Senhora D’Abadia.

Além disso, haverá marcha que marcará a data com saída da Av. Presidente Vargas, com participação do Terno de Moçambique Zumbi dos Palmares. Às 12h acontece Missa Afro na paróquia Nossa Senhora D’Abadia, sob coordenação da professora Inês, do Coral-Afro. Às 13h haverá almoço cultural afro com apresentações musicais.

Jornalista Maria das Graças Salvador

Comunicação PMU/FCU

 
 
 

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