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Inscrições para o Festival Minas com a Corda Toda – 2º Festival Viola Encena, que acontece de 11 a 13 de dezembro, encerram-se nesta sexta
Continuam abertas as inscrições para o Festival Minas com a Corda Toda – 2º Festival Viola Encena de Uberaba, até nesta sexta (4). O Festival é uma realização da Prefeitura de Uberaba, por meio da Fundação Cultural, e tem o objetivo de incentivar a produção musical independente executada com a viola de dez cordas.
O festival irá homenagear o violeiro Toninho da Viola e será realizado de 11 a 13 de dezembro, na Concha Acústica, em Uberaba. O resultado dos selecionados será divulgado até o dia 9 de dezembro no site www.culturauberaba.com.br.
O Festival será realizado em duas etapas eliminatórias nos dias 11 e 12, das 19h às 22h, e final será dia 13 de dezembro de 2015, das 11h às 14h. Todas as etapas acontecem na Concha Acústica.
O evento contará com uma programação de shows musicais de artistas consagrados e das 24 músicas selecionadas por uma comissão técnico-artística, nas modalidades duplas e solo das categorias instrumental e vocal, que estarão concorrendo a R$ 7.500 mil em prêmios.
Falando em homenageado, nesta segunda-feira (30), a equipe da Fundação Cultural recebeu a visita do homenageado no Festival, Toninho da Viola, que falou de sua emoção e orgulho em ser lembrado pela Fundação.
“A música é que alimenta a alma. Comecei a tocar viola em 1987 e aqui em Uberaba me apelidaram de Toninho da Viola e ficou assim. Aprendi uma coisa que o mais importante de tudo: “amar a arte”, pois quem degusta a música é a alma. Para mim o importante da arte é aprender a gostar. Se você aprender a gostar, vai saber escolher tudo direitinho pra você. Hoje o músico para se satisfazer tem que degustar a música. Agente tem que degustar a música e quem degusta a música é a alma”, diz, lembrando que ganhou muito dinheiro e conheceu muitas pessoas através da música.
Já gravou quatro CDS e um vinil e que todo sábado e domingo toca no Mercado Municipal e vende seus CDS. Toninho da Viola irá participar dos três dias do Festival Minas com a Corda Toda – 2º Festival de Viola Encena de Uberaba.
No dia 11acontece show da Orquestra de Viola da Fundação Cultural e “Minha Terra”, com Marcelo Tainara e Tito Rios e no dia 12, de Guti Saad. Já no dia 13 o Festival acontece durante o Domingo na Concha, das 11h às 14h, com a grande final e show de Saulo Laranjeira.
Inscrições – As inscrições prosseguem até esta sexta (4) de dezembro. Poderão se inscrever para participar do Minas com a Corda Toda – Viola Encena, qualquer pessoa que tenha a partir de 9 anos, que resida em qualquer um dos municípios brasileiros. Os participantes podem optar pelas categorias instrumental ou vocal e nas modalidades dupla ou solo. A inscrição é gratuita e pode ser feita somente em uma das categorias e em uma das modalidades com até duas músicas. As inscrições podem ser realizadas pessoalmente na sede da Fundação Cultural, na praça Rui Barbosa, 356 ou pelo e-mail festivalviolaencena@gmail.com. A inscrição deve ser composta pela ficha, música e letra da música.
Já para se inscrever na categoria vocal, modalidade dupla, um dos membros da dupla deverá obrigatoriamente se apresentar executando a música com a viola de dez cordas, caso sejam selecionados. Os dois membros da dupla podem se apresentar executando a viola de dez cordas, o que não impede que um dos membros da dupla se apresente com outro instrumento.
Serão selecionados 24 trabalhos/músicas de duplas e solos pela comissão de seleção, sendo, seis trabalhos da categoria instrumental, 18 trabalhos da categoria vocal.
A ficha de inscrição e o regulamento e mais informações estão disponíveis para download no site www.culturauberaba.com.br.
Premiação – Serão distribuídos R$ 7.500 mil em prêmios. Na categoria instrumental: 1º lugar: R$ 2.000,00 mais troféu e 2º lugar R$ 1.000,00 e troféu; na categoria vocal (modalidade dupla ou solo): 1º lugar: R$ 2.000,00 mais troféu; 2º lugar: R$ 1.500,00 mais troféu e
3º lugar: R$ 1.000,00 mais troféu. O público elegerá por meio de votação o vencedor do segmento por aclamação pública, que receberá uma viola D'Souza e troféu.
Maria das Graças Salvador
Comunicação PMU/FCU
Entrevista com Tonhinho da Viola
Data: 11 de novembro de 2015
Local: Rua Vicente Licursi nº 128 - bairro Estados Unidos
Identificação:
Nome completo: Antônio Lubianchi.
Nome artístico: Toninho da Viola
Data de Nascimento: 16 de março de 1942
Na cidade de Jaborandi, estado de São Paulo
Filiação: Pai – Salvador Lubianchi
Mãe – Alice Gonçalves Lubianchi
Esposa: Maria Rosa Restivo Lubianchi com quem teve dois filhos.
Seu pai era italiano e veio para o Brasil logo após a segunda guerra mundial ainda criança e não tocava nenhum instrumento musical. Somente meu cunhado tocava viola, mas não sabia ler e nem entendia de viola. Ele não sabia ler uma partitura como eu sei.
“ Comecei a tocar viola em 1987. Eu estudei até o segundo ano primário, aprendi a ler uma partitura musical e entendo de viola. Andei por vários lugares nesta minha vida e vim parar em Uberaba onde conheci a Dilma Rousseff presidente do Brasil. Ela era revolucionária e eu tocador de violão. Éramos amigos e ela me chamava de “Toninho do violão”. Agente era muito amigo mesmo.
Foi aqui em Uberaba que me apelidaram de Toninho da Viola e ficou assim. Aprendi uma coisa que o mais importante de tudo: “amar a arte”, quem degusta a música é a alma. Para mim o importante da arte é aprender a gostar. Se você aprender a gostar, vai saber escolher tudo direitinho pra você.
Hoje o músico para se satisfazer tem que degustar a música. Agente tem que degustar a música e quem degusta a música é a alma.
“Eu na época da Sicam (hoje ECAD) gravei muito. Gravei acompanhando o Poli na música evangélica. Ali não aparecia o nome da gente, só recebia o cachê. Gravei vinil. Agora eu tenho 4 CDs gravados. Saiu um agora. Quem me ajudou a gravar este CD foi o Suzanito que infelizmente morreu há cerca de dois meses. Chorei muito e ainda choro. Ele era muito meu amigo. Grande músico e grande compositor. Que homem bom!
Neste CD fui eu quem fiz o arranjo. Em janeiro nós íamos gravar outro, mas ele morreu. Fizemos somente mil CDs. E todo sábado e domingo vou para o mercado e fico lá tocando minha viola e vendendo meus CDs.
Eu toquei em tudo quanto era lugar. Quando cheguei aqui em Uberaba conheci o dr. Hélio Angotti, o Bolão do Supermercado, o Perácio. Éramos amigos e agente se encontrava ali onde era o buraco da onça, no cine Metrópole. Era só gente boa. Conheci ali também o jogador Pelé.
Hoje o pobre bate palmas sem saber para que e para quem está batendo palmas. O pior de tudo é que ele num sabe que não sabe nada e discute o que não sabe. Então as pessoas aplaudem quem não sabe nada como estes músicos que tem por aí. Por isso estamos cheios de arteiros.
Então eu tocava e cantava e todo mundo batia palma para mim. Aí eu achava que era artista. E não era nada. Depois eu aprendi a gostar, aprendi a ler música. Fui saber então o que é um artista. Artista é uma coisa, arteiro é outra coisa.
Viola é o seguinte: No Brasil não tem têm 10 violeiros bons. Violonista é uma coisa e violeiro é outra coisa. O músico que não toca viola direito assassina a viola. Tocar viola tem que saber... é a mão direita. E tem o bobo que bate palmas.
Acredito que a maioria dos violeiros que dizem que são violeiros não gosta de mim porque eu falo a verdade. Eu tenho dó de um infeliz que não sabe gostar.
Onde está o nosso problema mais grave? No palco do Faustão e do Silvio Santos, na casa das famílias. Esse povo é que vota. Num sabe nada. Agente num vê um intelectual político lá em cima. O Congresso faz o que eles querem. Pobre num sabe nada. Pobre bate palma para a “democradura” e num sabe de nada, não sabe o que é democracia. Infelizmente sem o rico ele não vive. Coitado!
Ninguém cria mais música. Eles confundem fabricante de música com compositor. “A música nasce da flora do coração”. E vou rastar um bagaço aqui: - eu não sei uma música ruim, eu não aprendo, eu não mecho com isso. Aprendi a gostar. A essência da arte é o saber gostar. Eu morro de dó de um infeliz que bate palma a toa. Ele vai daqui a Delta a pé bater palma para um cara que vai roubar ele dez anos. Infelizmente o meu Brasil é isso. Aqui por exemplo o “artista aqui é o boi”.
Sobre o Catira ele disse:
“ Que graça tem dois homens pulando e batendo palmas na frente um do outro”? Que graça tem? Aquilo lá vem dos índios – o catira.
Samba não nasceu na Bahia. A música brasileira é a moda de viola, não é o sertanejo. Hoje tem muito “sertanojo”.
A música não tem tragédia, a música não vai para a zona. Nós é que musicamos as tragédias. A música não mata ninguém. É proibido falar palavrão na música porque a “música é a divina música”.
Toninho dá aulas de música e não aceita alunos que bebem e fumam. Ele disse: para mim a pior besteira que fiz foi beber e fumar muito. A pior droga no meu país é o álcool e o cigarro.
Sobre o sertanejo universitário:
“Isso não existe. O cara lá do mato faz música e não tem faculdade”. Muitas vezes o cara diz assim: nossa eu tenho tantas músicas. Ora não é só dele não.
Todo compasso que nascer dentro do coração dele vai atingir o ternário, o quaternário e o primário. Sem esses compassos acabou. Tem que tá tudo ali dentro do coração. Música é a coisa mais linda do mundo. Até os bichos gostam de música. O ser humano que não gosta de música, agente não fica perto dele não. Eu não fico perto do ser humano que não gosta de música.
A Trajetória de Toninho da Viola.
“Eu na época da Sicam (hoje ECAD) gravei muito. Gravei acompanhando o Poli na música evangélica. Ali não aparecia o nome da gente, só recebia o cachê. Gravei vinil. Agora eu tenho 4 CDs gravados. Saiu um agora. Quem me ajudou a gravar este CD foi o Suzanito que infelizmente morreu há cerca de dois meses. Chorei muito e ainda choro. Ele era muito meu amigo. Grande músico e grande compositor. Que homem bom!
Neste CD fui eu quem fiz o arranjo. Em janeiro nós íamos gravar outro mas ele morreu. Fizemos somente mil CDs. E todo sábado e domingo vou para o mercado e fico lá tocando minha viola e vendendo meus CDs.
Eu toquei em tudo quanto era lugar. Quando cheguei aqui em Uberaba conheci o dr. Hélio Angotti, o Bolão do Supermercado, o Perácio. Éramos amigos e agente se encontrava ali onde era o buraco da onça, no cine Metrópole. Era só gente boa. Conheci ali também o jogador Pelé.
Estudei partitura muito tempo. Minhas músicas eu todo certíssimo. Não toco errado. Hoje não enxergo mais para ler as partituras. Sou muito exigente nesta área.
Na minha época, em que o povo achava que eu era artista e eu também achava, ganhei muito dinheiro. Meu dinheiro ia tudo para as putas e os soldados. Nesta época o músico tinha que ter a carteira de músico assinada. Eu fui preso várias vezes, até cinco vezes por dia. Para andar com a viola debaixo do braço tinha que ter carteira de músico. Fui preso por causa da viola.
Aqui morei quando ainda era solteiro na casa da Deidi (prostibulo) muito tempo e lá eu tocava e cantava muito.
Fui para São Paulo e morei com o Goiá (Gerson Coutinho). Eu o chamava de vermeião, ele me chamava de pingão, pinguinha. Lá a policia enchia o saco. Essa coisa (a viola) é tudo para mim. Faço o que quero dela.
Eu que tinha que receber indenização, fui preso tantas vezes por causa dela. A Dilma recebeu indenização por ter sido presa, eu não. Ela aprontava, eu não. Eu ficava quieto com minha viola debaixo do braço.
Ganhei muito dinheiro. Perto de mim amigo meu não passava fome. Dei até casa boa para soldados. E você pode ter certeza que aqui ninguém é de ninguém.
Eu tenho uma música só –“eu perdi seu amor”. Tenho um poema “ a moda derradeira”:
“O fim da minha carreira,
A todos peço atenção.
Só a fama me consola.
Aquele que pendura a viola
Aposenta o coração
Fiquei velho de repente
Mas a veisse só se sente
A hora dela chegar.
Mas eu guardei na mocidade
Uns trocados que agora eu posso gastar
Eu já topei briga feia
Tirei preso da cadeia.
Andei montado e a pé.
Cortei burro nas esporas
Levei gado mundo a fora.
E amansei muita muié.
Mandei moça pro convento
Atrapaiei casamento
Pus o sim dentro do não
Eu fui doutô no desafio
Cantei no sol e no frio
Deixei marcas no sertão.
Na garupa da esperança
Eu viajei desde criança
Fiz de tudo um pouco em fim.
Mas o destino, azar ou sorte
Me deixou perdido na morte.
E toda estrada acaba assim.
Essa é a moda derradeira
Eu passo e fecho a porteira
Violeiro mais não sou.
Esse fim eu discordo
Já toquei muita viola
Mas o tempo me tocou.
(termina tocando Cafezal em flor)
E continua seu depoimento.
“Aquela história que Deus fala...faça a sua parte que eu faço a minha, é tudo mentira. A dele já está pronta há muito tempo. Eu dicidi parar de beber e parei. O remédio do vício é Deus e você. Somente estes dois remédios. Não tem médico, não tem ninguém que ajude. O mais difícil é conversar com si próprio e acreditar em si próprio. Acredita em você e pede ajuda dele que ele te dá. Sê larga. Ele recupera qualquer cara.
Tudo que você imaginá de merda eu conheço. Cheirei cocaína com Nelson Gonçalves em Guarapari. É o trem mais ruim do mundo. Ficar viciado num trem daquele ali é um retardado. O que é um cara viciado em craque? Que isso, é retardado, num tem condição não. Se você cair nesta vida, um litro de pinga todo mundo te dá. Um prato de comida é difícil. Sê pode ter certeza, o ladrão tem mais valor que o cachaceiro.
Eu fico muito satisfeito com vocês vir me entrevistar. Eu pretendo viver mais uns cinco anos. Tá bom.”
A seguir tocou e mostrou como ele toda a verdadeira música.
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