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Intitulada de “Encruzilhadas” a mostra retrata as lutas da população e da mulher negra dentro da sociedade
Uberaba recebe durante o mês de maio, por meio da Fundação Cultural/Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial, obras da artista Daniella Néspoli. As telas chegam no dia 4 de maio e vão direto para o Memorial Chico Xavier. Serão cerca de 15 trabalhos de Néspoli, além de algumas obras da artista Maria Conceição Vilela e dos artesãos Leonildo Antônio Gomes e Thiago Santos Costa. Daniella Néspoli é natural de Pirassununga, no estado de São Paulo, e vive há oito anos em Uberaba.
Também serão realizadas oficinas durante a exposição. A primeira, na quarta-feira (9), sobre bonecas Abayomi, com Carol e Mari. Oficina literária do livro Karu, com Heliana Castro Alves, na terça-feira (15) e na quarta-feira (16) ciranda e contação de histórias. Na quarta-feira (23) oficina de Carimbó com Insurgência Sertaneja e por fim, oficina de modelagem com argila, com Leonildo Gomes e Thiago Santos.
A escolha da temática de “Encruzilhadas” está dentro da dimensão política da arte, que busca construir um espaço coletivo social de reflexões. Néspoli esclarece que a exposição é o ponto estratégico para olharmos para o passado e para o presente, criando caminhos para o futuro. “Vivemos em um momento político e social meio conturbado, precisamos tomar atitudes, dessa forma o tema é fazer articulações, criar planos de lutas e formas de nos relacionarmos com o outro, com a vida e com o universo artístico.”
A artista elucida que “Encruzilhadas” conta com participações de outros artistas que vem se aventurando no campo da arte, utilizando-a como possibilidade e instrumento de inspiração para mobilizar emoções e paixões no meio da luta política.
Maio é mês que marca a luta pela libertação e pelo fim da escravidão, dentro da transição do trabalho escravagista para o trabalho livre. “Mesmo sabendo que vivemos numa sociedade em que as relações de trabalho são muito exploratórias, temos que resistir e acreditar que ele pode ser emancipador. Para isso precisamos nos inserir enquanto sujeitos históricos e determinantes, que consigam construir uma dimensão mais criativa e política dessas relações. A arte é uma forma de resistência a esse sistema exploratório e alienante, as manifestações artísticas vêm para resistir.”
“Encruzilhada” transmite para o público a consciência crítica e política da artista, com foco na luta daqueles que não hesitam e não se intimidam com as adversidades que lhe são impostas. No livro “O Negro no Brasil de Hoje”, de Kabengele Munanga e Nilma Gomes, temos uma visão geral do que são os quilombolas e da presença deles dentro da história do Brasil. “A história da escravidão mostra luta e organização, marcadas por atos de coragem que caracterizaram o que se convencionou a chamar de ‘resistência negra’, cujas formas variavam de insubmissão às condições de trabalho, revoltas, organizações religiosas e fugas até os chamados mocambos ou quilombos. De inspiração africana, os quilombos brasileiros constituíram estratégias de oposição à uma estrutura escravocrata”. O quilombo mais famoso foi Palmares, que levou o nome de seu líder, Zumbi dos Palmares, construído na Serra da Barriga, atual região de Alagoas.
Daniella Néspoli é assistente social na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), especializada na temática Étnico-Racial, com mestrado em pesquisa da Identidade Negra Quilombola. Atualmente doutoranda na mesma temática na Universidade Estadual Paulista UNESP – Câmpus Franca. Néspoli faz o casamento da pesquisa com a arte, caracterizada como mecanismo de resistência e expressão do movimento negro.
Com cerca de 80 telas, Daniella Néspoli selecionou a dedo aproximadamente 15 telas para a exposição em Uberaba. A artista também está com trabalhos expostos em Franca, no Memorial da Resistencia Negra Carlos Assumpção, desde novembro. A agenda dela conta com mostras previstas para Diamantina em julho e em Frutal no mês de novembro. Ano passado a cidade de Guaíra foi contemplada duas vezes com as exposições de Néspoli, a primeira ocorreu em julho, durante o evento do Encontro de Artistas Livres e a segunda foi realizada em novembro. No inicio desse ano, a assistente social levou trabalhos para o Congresso de Pesquisadores Negros do Sudeste, que ocorreu em Belo Horizonte na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Raiane Duarte – Estagiária de Jornalismo
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