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Colocando em evidência os traços africanos, a mostra da artista Marilese Pacheco busca difundir emoções e sentidos
A Fundação Cultural de Uberaba inaugura oficialmente nesta sexta-feira, às 15h, a exposição “Expressões Africanas”. As obras da artista Marilese Pacheco ficam em Uberaba até o dia 25 de maio e a visitação é gratuita no prédio da Fundação Cultural de Uberaba. A mostra conta com 17 pinturas que retratam diversos sentimentos estampados.
Marilese de Almeida Pacheco nasceu em Uberaba e atualmente reside em Sacramento. Os trabalhos da artista já passaram por cidades europeias como Roma, na Itália, e Roterdã, na Holanda, além de diversas localidades brasileiras como São Paulo, Belo Horizonte, Franca, Uberlândia, Barretos, Santo Amaro e Sacramento. Formada em artes plásticas pela Universidade de Franca (UNIFRAN) e pós-graduada em Arte e Criatividade, Marilese utiliza técnicas como óleo sobre tela.
A paixão pela arte surgiu cedo, talvez até antes da compreensão do que é arte. “Desde criança desenhei e tive influências da minha família, minha mãe pintava em tecido e eu sempre estava por perto pintando junto com ela. Já um dos meus tios, Antônio, desenhava e pintava em tela com tinta guache e etc. Por isso surgiu a vontade de cursar as artes. Depois entrei para Faculdade e tive certeza que era ali a minha vocação.”, afirma Marilese.
Marilese explica que busca transmitir emoções reais. “As obras expostas mostram em cada olhar as marcas que nem o tempo podem apagar, como a fome e o sofrimento de um povo, que fica meio esquecido”. O envolvimento da pintora com a sociedade africana já ocorre há bastante tempo. Em 1995, Marilese teve a oportunidade de visitar a África e de se aproximar da cultura local. Poucos anos depois, em 1998, pintou a primeira tela de uma criança negra.
O interesse por pintar crianças negras foi crescendo muito. Marilese afirma que são muitas as emoções transmitidas. “Ilustram dor, fome e a incerteza do futuro, tudo isso eu vejo no olhar de cada uma delas”, afirma a artista. As obras que Marilese está pintando nesta fase são retratos realistas, em geral de africanos. Dessa forma as obras trazem à tona o sofrimento vivido pelos mesmos. “É um grito de apelo para que prestem mais atenção.”
Em 2015, Uberaba recebeu outra exposição de Marilese, nomeada de “Carolina Maria de Jesus”. Uma das grandes inspirações da artista é a escritora Carolina de Jesus, que completaria 104 anos em 2018. Carolina, foi apresentada ao mundo no final da década de 50, quando foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas. Representando a mulher negra e periférica, Carolina foi catadora de papel, mãe e poetisa. Autora do “Quarto de Despejo”, ela ilustrou todas as dificuldades enfrentadas para sobreviver e criar os três filhos.
Para explicar melhor a admiração por Carolina, Marilese conta como a figura foi parar na vida dela. “Conheci Carolina através de meus tios, na verdade tio Roberto trouxe para mim, há 30 anos, o livro ‘Diário de Bitita’ que contava a história de Sacramento. Mas Carolina apareceu novamente em minha vida e percebi que eu tinha muito a ver com ela”.
“Lendo as obras percebi que minhas telas falam a mesma língua de Carolina. Ela é minha inspiradora. Me inspira, justamente, porque também não concordo com tantas injustiças, e as crianças negras, principalmente elas, as pinto para que todos vejam as dificuldades que elas carregam. Carolina não aceitava a opressão, o descaso com seres humanos.” Maria Carolina de Jesus, morreu em 1977 de asma, aos 63 anos, depois de transitar entre a miséria e a “fama”.
Marilese Pacheco, admiradora de Carolina Maria de Jesus, compôs a primeira exposição inédita e totalmente voltada para a escritora. Como mulher e artista, Marilese representa a força e as expressões através das obras. Além disso, ainda retrata povos africanos e já foi premiada em 2016 com medalha de bronze em exposição internacional. O quadro “Maturidade”, recebeu a honra durante a XII Mostra Internacional de Arte Brasileira, dentro do "Roterdã Internacional Art Fair", realizado na Igreja gótica St. Laurenskerk. “Maturidade”, realça as feições de um senhor negro, desenhando em sua pele a idade e os anos vividos.
Raiane Duarte – estagiária de Jornalismo
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