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Fundação Cultural

31/12/2018 - Ministério da Cultura incentiva produção de documentário sobre Candomblé em Uberaba

Como forma de valorizar as manifestações brasileiras o Ministério da Cultura promove o Edital de Culturas Populares. Um projeto Uberabense foi um dos premiados da 5° edição. O projeto documentário "Odun Árùndínlógóji - 35 Anos De Iniciação Do Bàbálorişà Renato De Logun Edę" está sendo desenvolvido e gravado na cidade.

A proposta do documentário foi de divulgar aspectos relevantes da história e da cultura afro-brasileira na construção de uma religião que traz em si a alma da língua Yoruba. O trabalho surgiu devido à vontade de Renato Araújo, Babalorixá da casa de Candomblé Asé Ode Omilode, de difundir o Candomblé. O projeto contou com o auxílio do Historiador da Fundação Cultural de Uberaba, Gustavo Vaz.

A proposta foi inscrita na premiação de 2017 no Edital de Seleção Pública Culturas Populares – Leandro Gomes de Barros. O resultado da premiação saiu em novembro de 2017 e a verba para dar início ao documentário chegou em março de 2018. As gravações começaram em julho e atualmente o projeto está na fase de pós-produção. O filme está sendo construído pelo conceituado Fotógrafo, Alysson Oliveira.

Segundo Gustavo Vaz o objetivo do documentário é reconhecer a importância do patrimônio étnico-cultural, religioso e artístico, para que seja possível preservar a memória e identidade das religiões de matrizes-africanas.

“Os descendentes africanos mantiveram vivas suas práticas religiosas e cosmológicas. Nesta perspectiva, o filme pretende levar a público um resgate histórico das religiões africanas, afro-brasileiras, possibilitando a compreensão do sincretismo religioso, buscando diminuir a intolerância e a suposta superioridade de raças, que levam a conflitos capazes de gerar violência em nossa sociedade atual; buscando ainda, superar as formas de preconceitos.”, ressalta o Historiador.

Baba Renato e o Candomblé

Renato Araújp já iniciou mais de 300 pessoas no Candomblé e além de atender a população de Uberaba, recebe grande demanda de pessoas de São Paulo, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro entre outras cidades.

O atendimento na Casa Asé Odé Omilode é para um público significativo. Em dias comuns de trabalhos e até mesmo nos de caridade, são em média de 60 a 80 pessoas que vão até lá em busca de conselho. Já nos dias de festa, o público se expande chegando a atingir até 250 pessoas.

Todas as atividades ocorrem semanalmente, tais como estudos relacionados a religiosidade, jogo de búzios, obrigações no barracão e etc. Também existem datas especificas, que são os festejos para os Orixás como; Janeiro -“Ajodun Osàálá”, Março “Ogun”, Maio “Osoosi”,  Junho – “Sangó” e “Fogueira de Ayra”, Agosto -“Olugbajé”, Outubro – Ajodun “Logun Edé”.

Baba Renato explica que vive da religião e que o Candomblé “é o ar que ele respira”. Um dos pontos que ressalta na trajetória dele é o estudo e a busca por conhecimento. “Meu lema é; aquele que não se abaixa para aprender jamais vai se levantar para ensinar. As palavras chaves que levo são; humildade, simplicidade, respeito, amor e fé. Isso não pode faltar em nenhuma religião, e principalmente, um sacerdote tem que saber usar essas palavras e ensiná-las a todos que o procurarem, para assim manter uma comunidade, um templo, uma igreja, seja o que for.”

Determinação também é uma palavra que Baba Renato busca transmitir. “Eu sou um resistente, pois a minha religião, o Candomblé, é perseguida, a maioria pensa que é para praticar o mal, mas não é isso, o Candomblé cultua e preserva a natureza, pratica o bem. Lutamos contra a depredação, poluição, discriminação e racismo”, frisa.

Apesar da intolerância ainda existir, Baba Renato conta que Uberaba é uma cidade muito abençoada e muito espiritualizada. “Nunca tive problema nenhum aqui, sempre fui respeitado e a minha casa também. Nunca tive nenhum tipo de perseguição ou reclamação de vizinhos, não tenho nada a reclamar, só a agradecer a Deus e aos Orixás”.

A Premiação

A 5° Edição do Prêmio Culturas Populares homenageou Leandro Gomes de Barros, representante consagrado da cultura popular, conhecido como rei dos poetas populares. Esse edital premiou 200 projetos na categoria “Mestre e Mestra”, entre eles Baba Renato; 200 na categoria Grupo/Comunidade sem CNPJ e 80 Instituições privadas sem fins lucrativos.

A premiação havia ficado suspensa desde 2012 e foi retomada em 2017 quando obteve número recorde de premiados e de inscritos (2.862). Baba Renato reforça a satisfação de ser um dos premiados e afirma que foi uma surpresa o projeto ser selecionado logo na primeira tentativa.

Raiane Duarte – estagiária de Jornalismo

Comunicação PMU/FCU

 
 
 

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