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A Superintendência do Arquivo Público/Secretaria de Administração, recebeu nesta segunda-feira (1º) a doação do acervo do jornal A Flama Espírita, constituído por oito volumes datados de 1961 a 2003. A doação foi recebida oficialmente pelo prefeito Paulo Piau, acompanhado da superintendente de Arquivo Público, Marta Zednik, com a presença de representantes espíritas, da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e historiadores do Arquivo Público. O repasse ao Município foi feita pela União da Mocidade Espírita de Uberaba, mantenedora do jornal, dirigida por Márcio Roberto Arduini.
Pedido. Segundo Piau, a doação marca dia histórico para Uberaba. Agradeceu a iniciativa da União da Mocidade Espírita, destacando a preservação da memória do Município que caminha para seu bicentenário. “Esta doação tem tudo a ver com uma das maiores premissas do espiritismo, que é a caridade, e são atos dessa natureza que valorizam a história de Uberaba”.
O prefeito apelou à população, para que doe ao Arquivo Público acervos que preservem a memória social e cultural da cidade. “Todos que tiverem alguma coisa para guardar a memória, sejam fotos, impressos ou outros arquivos, podem procurar o Arquivo Público. Ações como essa precisam ser incentivadas. Sabemos que muitas famílias podem possuir materiais riquíssimos, guardados em gavetas, e muitas coisas vão até para o lixo. Mas para a história de Uberaba tem um grande valor”, destacou Piau.
O presidente e diretor da União da Mocidade Espírita de Uberaba, Márcio Roberto Arduini, pontuou que a doação permitirá que todos os interessados possam ter acesso e pesquisar o material de forma técnica e segura, visto que as páginas do arquivo original já estão fragilizadas pelo tempo. Representando a Academia de Letras do Triângulo Mineiro, João Eurípedes Sabino e Guido Bilharinho destacaram a importância da preservação da memória, já que o acervo representa um patrimônio cultural e social de Uberaba.
Sobre - Ainda em circulação, o jornal A Flama Espírita foi fundado em 27 de setembro de 1925 por Arlindo Evangelista, José Humberto da Silva, Ruy Novaes e Hercílio Martins da Costa. As edições iniciais eram direcionadas à literatura, arte e questões sociais. Em 1º de setembro de 1930, o professor Alceu Novaes, Inácio Ferreira, José Thomaz de Oliveira e Emmanoel Martins Chaves assumiram a direção e mudaram o seu enfoque, dotando-o de orientação espírita. Nessa época, o jornal intitulava-se "Flamma". Sua circulação era semanal, tinha formato semelhante ao "Standard", pouco difundido na época, cujas dimensões aproximavam ao papel A2.
Censura. Marta Zednik, superintendente do Arquivo Público, destaca que em 1942 o jornal teve sua circulação proibida por tempo indeterminado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão responsável pela censura e repressão durante o governo Vargas. Contudo, a Constituição Federativa do Brasil de 1946 revogou essa decisão autoritária, restabelecendo a divulgação pela comunidade kardecista de Uberaba. O jornal voltou a circular, desta vez sob a administração da "União da Mocidade Espírita Uberabense", fundada em 1940. Passou, em 1950, passou a se chamar A Flama Espírita.
O jornal editava noticiários e o pensamento do universo espírita, onde se destacavam a história e as realizações das associações espíritas da cidade, como Sanatório Espírita de Uberaba, Lar Espírita, Grupo Escola Espírita Professor Chaves, e informações sobre as principais atividades desenvolvidas na cidade, como palestras, eventos e conferências. O primeiro congresso espírita do Brasil também recebeu destaque jornalístico no dia 23 de janeiro de 1982, e suas informações podem se tornar objeto de pesquisas de estudantes e historiadores.
No acervo do jornal, entre outros assuntos de relevância, Marta Zednik pontua que é possível identificar as principais realizações espíritas da cidade. “Também podemos conhecer personagens de destaque, não só pelas práticas desenvolvidas nas instituições espíritas, como também pela participação na vida social e política de Uberaba, como Henrique Von Krüger, Fausto de Vito, Inácio Ferreira, Augusto César Vanucci, Odilon Fernandes, Divaldo Pereira Franco, Danival Roberto Alves, Carlos Bacelli, Antuza Martins, Jonas Dutra, Padre Sebastião Carmelita e Ivone Pereira, além do líder Chico Xavier”.
Jorn. Luiza Carvalho
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