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Número de afastamentos gerou prejuízo de mais de R$ 2 milhões para a PMU em 2014
O nutricionista e terapeuta comunitário, formador em Terapia Comunitária, Ralph de Castro e a pedagoga Cinara Aline de Freitas, ambos colaboradores da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), estiveram em Ouro Preto no VIII Congresso Brasileiro e V Congresso Internacional de Terapia Comunitária Integrativa para apresentar dois trabalhos realizados com base nos atestados de afastamentos de colaboradores da SEMED, com total apoio da secretária Silvana Elias, que também é educadora e entende as dificuldades dos trabalhadores da área.
Com os temas “Terapia Comunitária Sistêmica e Integrativa como instrumento de avaliação e diagnóstico da saúde de servidores da Secretaria de Educação de Uberaba (MG)” e “A terapia comunitária Sistêmica e Integrativa no enfrentamento do estresse e do adoecimento no trabalho docente”, a pesquisa feita também em parceria com Maurino Bertoldo e Eliete Pereira Rodrigues e apresentadas em pôsteres e comunicação oral.
Com este estudo, Uberaba assume papel de destaque no combate ao estresse e adoecimento docente. A partir de sessões de Terapia Comunitária Integrativa (TCI) realizadas em escolas da rede municipal de Uberaba-MG foi possível traçar um diagnóstico do trabalho e da saúde dos professores.
De acordo com Ralph, para se chegar a estes dados, foram feitas 10 rodas de conversa com 300 servidores da educação e alunos, com perguntas pontuais. “Quando fizemos a avaliação dos dados, a principal queixa era em relação ao sistema de trabalho, depois problemas com a família, insatisfação salarial e relação com os alunos e questões pessoais. Então começamos a buscar o porquê desta realidade”, diz, enfatizando que os sentimentos eram de sobrecarga, descrença, frustração, desespero, entre outros.
A pesquisa foi feita em análise a todos os atestados de afastamento de 2014, que foram comparados às pesquisas existentes no Brasil, e conferem. Os primeiros sintomas aparecem nas vias aréas superiores (voz, gripe, faringite, etc). Ralph explica que esses tecidos são os que respondem primeiro, porque se regeneram mais rápido. Depois aparecem na lista os problemas osteomusculares, joelho, pé, dor lombar, que não deixam de ser problemas da profissão, por permanecer muito tempo em uma posição e não ter tempo de se exercitar. E em terceiro lugar, os transtornos mentais, que abrangem todas as fobias, ansiedades, pânico, depressões. “O transtorno mental é a maior causa de afastamento. E em Uberaba, o maior número é de depressão grave”.
Em números e prejuízo – de 46.599 dias de afastamentos em 2014, metade foi de transtorno mental, somando, somente esses, prejuízo acima de R$ 2 milhões para a Prefeitura de Uberaba. Pesquisas indicam que quando há estresse, há mudança comportamental e o sistema imunológico fica muito vulnerável.
O pesquisador completa que a realidade não é de Uberaba, pois está registrada em outros estudos no Brasil. Os fatores que levam ao adoecimento são diversos e o tratamento para o problema é delicado.
O grande problema é que o tratamento é feito individualmente e o profissional volta para o mesmo ambiente e acaba adoecendo novamente, cada vez com mais gravidade. “É ai que entra a Terapia Comunitária Integrativa que tem o objetivo de tratar o coletivo, para que todos cresçam juntos. As pessoas precisam entender o processo delas, conseguir pensar o trabalho e resolver, mudar o que precisa ser mudado”, pondera.
“Para mudar essa realidade, podemos agir sem grandes tecnologias, resgatando a autoestima do professor. Vamos ao local de trabalho para agir onde ele está”, relata.
A proposta é acolher quem sofre para se transformar em multiplicador. O projeto, a partir deste estudo, será feito em todas as unidades escolares, com uma sessão em cada uma, no mínimo uma vez ao mês. “Teremos uma equipe de seis terapeutas e uma vez por mês vou convidar pessoas de know-how para dar suporte a esses terapeutas. É um projeto de carinho com o professor. A ideia é já ter resultados positivos em 2016, mostrando o projeto de grande relevância que aplica a Terapia Comunitária Interativa, prática genuinamente brasileira, eficaz e de baixo custo e o trabalho da SEMED, que tem como foco o olhar para um dos principais profissionais direcionadores da sociedade, o professor”, enfatiza Ralph.
Ele ainda destaca a transparência da gestão atual em dar oportunidade aos profissionais de conhecerem esses dados e trabalharem no enfrentamento do problema, ao invés de camuflar como se vê na maioria dos municípios, com uma situação que é generalizada.
Eliete Pereira Rodrigues, coordenadora do programa Saúde na Escola, da Secretaria de Educação, afirma que é necessário dar um salto qualitativo e não ficar apenas nas rodas de conversa. “Agora é partir para a ação. A construção é demorada e vamos fazer esse trabalho em parceria com outros programas. Se a gente pode fazer algo por que não fazer? Tem que avançar e se temos pessoas visionárias como a Silvana Elias, por que não aproveitar?”, finaliza.
Jorn. Monica Cussi
Comunicação SEMED
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