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A Escola Municipal Adolfo Bezerra de Menezes é uma das referências em Uberaba na aplicação da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da cultura afro brasileira e africana. O projeto "Raízes Culturais" é desenvolvido há vários anos e, durante 2019, executou o Projeto "Africanize-se". Além da diretora Cristina de Oliveira Garcia, à frente da ação estão as professoras Luciana Carillo, Maria Goretti Vieira, Stella Alves, Renata Carvalho, Vanessa Lúcia Barbosa e Lindea Pereira Ramos.
Lindea é professora de História e executa intercâmbio cultural entre Uberaba e Muzumuia, em Moçambique, em parceria com a Organização Não-Governamental Fraternidade Sem Fronteira. A iniciativa surgiu após a participação de professores da rede municipal no curso de Educação para as Relações Étnico-raciais no ano passado. "Foi todo um processo de conhecimento. Fizemos roda de conversa com os nossos alunos para depois termos contato com os alunos de Muzumuia. Fizemos trocas de atividades por correspondência. Nós mandamos atividades de matemática e a professora de lá remeteu exercícios de Português. Enviávamos brincadeiras e ela músicas de cultura local. Os professores exercem importante papel na luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil. Quando conseguimos trazer a comunidade para dentro da escola, percebemos como é importante essa transformação educacional", destaca.
Sobre a Lei 10.639, Lindea é pontual quanto à necessidade de se trabalhar o pertencimento com os alunos. "Quando trazemos os costumes africanos para a sala de aula, como a capoeira, danças, cultura, religiosidades de matrizes africanas, existe uma participação massiva dos alunos, porque é a representação do cotidiano deles, é a língua que eles falam", declara a professora de História.
Para a presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), Maria Abadia Vieira da Cruz, só através do conhecimento é possível combater o racismo institucionalizado. "O racismo está na sociedade e quando a Secretaria de Educação promove ações como essas, permite a desconstrução do olhar de preconceito e a construção de um novo olhar. Quando a sociedade entende que o negro não foi escravo e sim escravizado, ela passa a entender o negro como um guerreiro", declara Abadia. Conforme ela, o Brasil é composto por mais de 55% de negros. Em Uberaba mais de 52% da população é negra.
Rede municipal tem outras iniciativas que aplicam a lei 10.639
Na Casa do Educador, a oficina de bonecas Abayomi foi uma estratégia de juntar a arte e a formação de professores para abordar o tema. A idealizadora é a professora de artes visuais Ana Raquel da Silva "Anteriormente, víamos ações pontuais em datas específicas como 13 de maio e 20 de novembro e depois não se falava mais sobre isso. Existia a necessidade do desenvolvimento de uma nova proposta de formação continuada de professores", declara Ana Raquel. Segundo a tradição, as bonecas Abayomi eram confeccionadas nos tumbeiros que transportavam os africanos para serem escravizados no Brasil. Diante da ameaça dos marinheiros de atirarem as crianças ao mar, caso elas não sessassem o choro, as mães rasgavam pedaços de suas vestes e faziam pequenas bonecas para distraírem os filhos.
Além da confecção de bonecas, diversas atividades sobre o tema acontecem paralelamente, na arte, na literatura, que exigem um contexto pedagógico e complementam o cronograma do curso. Há também nas escolas municipais, vivências com textos e atividades inclusive de videoconferência sobre a cultura afro no País, com nomes nacionais, como o mestre-sala da escola de samba Portela, Marlon Lamar. Com os alunos, também é trabalhado o livro "Karu: Cabeça encaracolada, ideia descolada". A autora Heliana Castro Alves, que mora em Uberaba, assistiu ao 8º Festival de Contadores de Histórias e a vencedora interpretou justamente o contexto do livro.
O curso de Educação para as Relações Étnico-raciais, direcionado a professores, tem programação extensa, com professores e palestras de renome. Por meio dele, alguns docentes puderam conhecer uma comunidade quilombola.
Estagiária Jorn. Ana Rizieri
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